Emílio Ibrahim - memórias
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O Estádio do Maracanã

Maurício Joppert da Silva

No dia 28 de outubro próximo passado, o Governador Carlos Lacerda entregou definitivamente ao Estado da Guanabara, pronto e devidamente melhorado, o Estádio do Maracanã. Começado na administração do Prefeito Mendes de Morais, parou com a estrutura inacabada, enquanto se processavam alguns inquéritos administrativos, nos quais os "ratos" fugiram com a presteza habitual, jogando as responsabilidades num homem de bem, o General Herculano Gomes, cuja probidade todos reconhecem.

Depois, pouco antes da posse do governador eleito, apareceu uma verba cedida pelo Governo da União para se empregar no acabamento das obras. Foi um deus-nos-acuda de gastar dinheiro. Comprou-se material em quantidade espantosa, contrataram-se serviços de péssima qualidade, iniciaram-se muitas coisas e... nada se fez praticamente, embora o dinheiro desaparecesse. Pagou-se até obra inexistente.

Assumindo o Governo, Carlos Lacerda inteirou-se do que havia, apurou as irregularidades, puniu os faltosos demitindo-os do serviço do Estado. Mas compreendeu o interesse que o povo carioca tinha pelo estádio, e resolveu terminá-lo, criando para isso uma nova entidade, a Administração dos Estádios da Guanabara (ADEG), cuja presidência foi entregue ao engenheiro Emílio Ibrahim, dotando-a de recursos suficientes, em quantia que representava um real sacrifício para as finanças do Estado.

Durante a apuração das eleições de 1962, observei o mau aspecto que apresentava o estádio inacabado com a ferragem e as canalizações expostas em muitos pontos, as instalações sanitárias em péssimas condições higiênicas, o revestimento de mosaico vitrificado azul começado e mal colocado, a iluminação improvisada para as utilizações que dele se faziam, a Justiça Eleitoral lamentavelmente acomodada, sem nenhum conforto.

No entanto, tratava-se de uma obra cuja estrutura, pela imponência e pela originalidade, tivera repercussão mundial.

A propósito escrevi um artigo publicado em O GLOBO na edição de 16 de outubro do ano passado, traduzindo a má impressão que me causara a situação em que se encontrava o estádio. Dias depois recebia uma carta do presidente da ADEG, engenheiro Emílio Ibrahim, reconhecendo a procedência de minha crítica, historiando a questão e expondo as providências que pretendia tomar para terminar as obras. Ao mesmo tempo, convidava-me para visitar o estádio e examinar a organização de seu serviço e o que se vinha fazendo. Aceitei o convite e fiz um depoimento do que vira para os leitores de O GLOBO, publicado na edição de 21 de novembro do ano passado.

Justamente agora, onze meses mais tarde, o governador inaugura esses melhoramentos que compreendem o acabamento do que faltava, a correção e substituição do que estava mal feito e a introdução de algumas modificações para melhorar o conforto dos atletas e dos espectadores, comodidade dos radialistas e televisionadores. Vale a pena relacionar essas obras para dar ao leitor uma idéia do que foi feito em prazo relativamente curto:

  • Construção e reforma das instalações sanitárias e acabamento das alas de circulação do público;
  • Recuperação e pintura das cadeiras metálicas;
  • Acabamento das grandes rampas de acesso às arquibancadas pela Av. Maracanã e pela Av. Radial Oeste;
  • Fornecimento e execução dos serviços de montagem de estrutura metálica das cabinas de rádio e televisão;
  • Preparo de uma área destinada ao estacionamento de veículos, com entrada para a Rua Mata Machado;
  • Execução das obras de adaptação da ala esquerda do quarto pavimento parra alojar as delegações esportivas;
  • Execução das obras de reforço das paredes de fundo da tribuna especial, bares e caixa da escada de serviço;
  • Execução de capeamento asfáltico das grandes rampas e dos pórticos monumentais;
  • Reforma e acabamento dos vestiários de atletas;
  • Recuperação e acabamento da parte superior da marquise, serviço importante e indispensável que ficará fora das vistas do público freqüentador e que só ele consumiu 70 milhões de cruzeiros.

As obras enumeradas foram executadas por empreitada, com a maior economia e ativa fiscalização da parte da ADEG, custando cerca de 400 milhões de cruzeiros. Passam a constituir, pela sua perfeição e bom-gosto, assim como pelo aspecto monumental da estrutura, um dos atrativos do Rio de Janeiro, que poderá orgulhar-se de seu estádio, o maior e mais belo do mundo.

Realmente o caráter eminentemente funcional da estrutura, projetada e calculada pelo saudoso professor Antonio Alves de Noronha, é um triunfo da moderna arquitetura brasileira que soube valorizar as propriedades do concreto armado e usar o talento criador de nossos engenheiros e arquitetos.

Assim é que se deverá compreender a arquitetura moderna e não como se fez, e ainda se faz, em Brasília, onde as obras são projetadas só para serem vistas, com estruturas inadequadas à sua utilização prática e dimensões exíguas para a ocupação que delas se exige.

A organização do serviço do engenheiro Emílio Ibrahim é perfeita: cada obra tem sua ficha, com todos os elementos necessários à caracterização do respectivo estado em cada momento, do orçamento, do contrato e da despesa realizada. Seus auxiliares, que não são muitos, merecem em conjunto um destaque especial, pois todos se esforçaram, com dedicação e honestidade. Limito-me, porém, nas proporções reduzidas deste artigo, a citar o chefe da parte de Engenharia Civil, engenheiro Carlos Campos e o chefe da parte de Arquitetura, arquiteto Ulisses Serra.

O Governador Carlos Lacerda não deixou faltar sua constante assistência às obras do estádio, visitando-as assiduamente e provendo-as dos recursos necessários. Completou, desse modo, com elevação, obra começada por adversário político, mas que reconheceu consultar o interesse da coletividade carioca.

Deu, assim, ao Brasil o exemplo de como se deve conduzir um grande administrador.

O Globo, de 5 de novembro de 1963.


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