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Uma Vida, um Exemplo
Gol de Placa na Administração
José Monteiro
Gols ele fez muitos para a galera
do tricolor comemorar, mas um de seus gols de placa foi o trabalho
desenvolvido com amor, carinho e dedicação à
causa pública, como Secretário de Obras do Estado e
agora, recentemente, na presidência da Companhia Brasileira
de Trens Urbanos - CBTU. É lógico que estamos
falando do engenheiro Emílio Ibrahim. Mineiro da histórica
cidade de Mariana, Emílio Ibrahim concluiu os cursos
ginasial e científico no Colégio Arquidiocesano de
Ouro Preto e é formado pela antiga Escola Nacional de
Engenharia. Em sua juventude, tinha um grande sonho: jogar pelo
Fluminense Futebol Clube.
A realidade se tomou possível,
quando o técnico Ondino Vieira, em 1948, indicou Emílio
Ibrahim para substituir Ademir Marques de Menezes, que retornava
ao Vasco. Foi um tempo inesquecível de muitos gols,
conquistas e glórias. O ataque tricolor era formado por
Santo Cristo, Emílio, Simões, Orlando "Pingo de
Ouro" e Rodrigues.
Uma partida jamais foi esquecida.
Um Fla x Flu disputado em Fortaleza, Ceará. O primeiro gol
foi marcado por Emílio Ibrahim, logo aos dois minutos do
primeiro tempo, aproveitando um centro de Rodrigues. Luís
Borracha, o goleiro do Flamengo, nem viu por onde a bola passou.
Simões fez mais três e Jair Rosa Pinto marcou o gol
de honra rubro-negro. Resultado: Fluminense 4 x 1 Flamengo.
Depois de muitas viagens e
conquistas, como o Torneio Municipal de 1948, Emílio
Ibrahim, aos 23 anos, resolveu abandonar o futebol, para se
dedicar à Engenharia. Era o início de uma fantástica
vida pública. Em 1950, ainda como estudante, na qualidade
de auxiliar de engenheiro do Departamento de Estradas de Rodagem,
ingressou na antiga Prefeitura do Distrito Federal, executando
trabalhos topográficos na implantação da
atual Avenida Brasil. A partir de 1951, ocupou o cargo de Oficial
de Gabinete do ex-prefeito João Carlos Vital.
Emílio Ibrahim ocupou os
mais importantes e diversificados cargos no governo do Estado. Foi
presidente da ADEG (Administração dos Estádios
da Guanabara), dirigindo o acabamento do Maracanã e
instaurando uma profunda reforma de métodos e normas que
asseguraram sua eficiência operacional. Foi um dos
fundadores da FUGAP e possibilitou o aproveitamento de famosos
craques como Barbosa, Jair, Nilton Santos e Telê, na função
de assessores de esporte. Foi Secretário de Obras, por dois
períodos de Governo. Primeiro, no antigo Estado da
Guanabara e depois no Estado do Rio de Janeiro. Em sua administração
foram realizadas obras espetaculares, como as do setor de
Abastecimento de Água, por meio da recuperação
e duplicação do Sistema Guandu; do Esgotamento Sanitário,
com a conclusão do Interceptor Oceânico da Zona Sul e
a execução do Emissário Submarino de Ipanema
que, em termos técnicos e de alcance social, se inscreve
como a mais importante obra do Estado.
Emílio Ibrahim, que foi
presidente do antigo IAPC (Instituto de Aposentadoria e Pensões
dos Comerciários), também exerceu a presidência
do Conselho de Administração de inúmeros órgãos
do Estado.
Na Secretaria de Obras, deu início
à construção das vias denominadas: Linha
Vermelha, Avenida Perimetral, a conclusão do Elevado Paulo
de Frontin, do Viaduto da Mangueira, da Avenida Paraguai (ligação
da Lapa ao Largo da Carioca) e do Túnel Dois Irmãos,
além de deixar praticamente concluídos os túneis
Frei Caneca e Noel Rosa.
Como presidente da Companhia
Brasileira de Trens Urbanos - CBTU, Emílio Ibrahim
conseguiu a recuperação do sistema do Rio de
Janeiro, de modo a sustar o seu processo progressivo de degradação,
concentrando esforços para a redução do nível
de imobilização da frota. Constituiu um grupo de
trabalho com a finalidade de revisar e atualizar o Plano Diretor
do Sistema de Trens Urbanos do Rio de Janeiro.
No último dia 2 de março,
o engenheiro Emílio Ibrahim inaugurou o trecho eletrificado
e de bitola larga entre Gramacho e Campos Elíseos. Esta
obra representa a primeira etapa, ainda em fase de implementação,
de um projeto que, quando concluído, permitirá a
chegada do trem elétrico até Saracuruna. Homem
inteiramente realizado, Emílio Ibrahim fala com carinho da
esposa Gilza Macedo Soares Ibrahim e com ternura do seu filho
Paulo Emílio, também engenheiro. A saudade é
para o filho inesquecível Marcelo Ibrahim, desaparecido aos
24 anos, de maneira inesperada, quando já se abriam para
ele as portas do sucesso como ator. Marcelo, uma lembrança
sempre querida, que aos 21 anos, tinha se formado em Direito. Íntegro,
honesto e pessoa muito consciente da missão do homem público.
Emílio Ibrahim, querido, admirado e respeitado por toda a
cidade, é um verdadeiro exemplo de vida.
Jornal O Dia, 7 de abril de
1990.
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