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DE QUEBRA
Surpreendente dádiva
LÚCIO COSTA
25/8/74
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O Secretário
de Obras do Estado, Eng. Emílio Ibrahim, ao lado do
saudoso e arquiteto-urbanista maior, Lúcio Costa, que foi
o autor do projeto de desenvolvimento da Barra da Tijuca.
A foto marca a implantação
do Bosque da Barra (600.000 m2), obra realizada pela Secretaria
de Obras de Estado. |
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Como resultado de uma
feliz conjugação de circunstâncias, "sans
en avoir l'air" - como diria Marques dos Santos, antigo
diretor do Museu Imperial de Petrópolis - a administração
do Estado do Rio de Janeiro vai presentear a cidade com novas
perspectivas urbanas que darão o devido destaque a mais
quatro preciosos testemunhos do nosso passado colonial.
1º - A
necessidade de nova articulação viária por
causa do próximo bloqueio da rua Uruguaiana pelas obras do
Metrô, acelerou a demolição dos prédios
remanescentes na área da Lapa, liberando assim, de ponta a
ponta, o aqueduto da Carioca, os Arcos, como são conhecidos
- monumento cujo patrono no IPHAN é José de Sousa
Reis - o que levou à limitação do gabarito na
encosta do morro a fim de incorporar para sempre ao logradouro a
serena presença do convento de Santa Tereza.
2º - A feliz
deliberação de deixar livre o triângulo
contido entre a rua S. José e o edifício De Paoli,
criou, com a praça também triangular fronteira ao
BEG, novo eixo visual urbano, perpendicular à Avenida Rio
Branco, que terá como remate contra o sol poente a extensa
e rica silhueta do convento franciscano e respectiva ordem
terceira. Esse conjunto será também valorizado pelo
desafogo do Largo da Carioca, resultante igualmente das obras do
Metrô, e pela iniciativa complementar de liberar a vista
lateral, sobre a rua do mesmo nome, com os belos janelões
da sacristia.
3º - O
prolongamento do Elevado da Perimetral dará ensejo a que se
descortinem as fachadas leste e norte do imponente mosteiro de São
Bento com o seu famoso botareu.
4 º - Finalmente,
a necessidade da construção de uma passarela na Praça
XV levou a administração a restituir aos pedestres o
antigo Terreiro do Paço, procurando-se bloquear a vista,
tanto do viaduto como do monumento ao General Osório, com
um reforço adequado da arborização.
Esse aflorar de
perspectivas coloniais que pareciam definitivamente sepultadas
pelo indiscriminado adensamento urbano da massa edificada vai ser
uma agradável surpresa para todos os cariocas, pois com
esta não contavam. "Il ne faut jamais désespérer".
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