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Evocação Mariana
Emílio
Ibrahim
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"Só
mineiros sabem.
E não dizem nem a si mesmos
o irrevelável segredo chamado Minas".
Carlos Drummond de Andrade
ln: "As impurezas do branco".
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Tomo, por empréstimo, o título
desta crônica, a Carlos Drummond de Andrade, o poeta maior
das Gerais, em sua obra Claro Enigma, para evocar Mariana, que,
generosamente, me serviu de berço, e da qual nunca me
ausentei em espírito, e com alegria e emoção,
renovo a presença física, sempre que me permitem as
minhas atividades quotidianas.
Hoje, compareço, em minha
devoção à rememoração do que é
a singular importância da contribuição
marianense para a cultura e a vida histórica de Minas,
buscando divulgar o significado altamente expressivo da celebração
da efeméride do 16 de julho como a data maior de Minas
Gerais, a partir do reconhecimento, que a afasta do ostracismo, de
que Mariana é, indubitavelmente, a matriz, a celula-mater
da formação política, social e cultural
mineira.
A inscrição, no
Artigo nº 256, do Titulo XV, das Disposições
Gerais, da Carta Magna Estadual, do Dia do Estado de Minas Gerais,
coroou a campanha cívica empreendida pelo Prof. Roque José
de Oliveira Camêllo, atual presidente da Casa de Cultura -
Academia Marianense de Letras e pelo saudoso jornalista, escritor
e fundador dessa instituição, Waldemar de Moura
Santos, que contaram com a decidida e entusiástica colaboração
do povo, da imprensa, dos estudantes, das entidades de classe e
das instituições culturais. E o mandamento
constitucional estipulou a transferência simbólica da
capital de Minas para Mariana, a cada ano, nesse dia, a sinalizar
uma perenidade da primitiva condição de primazia de
ter sido a primeira vila, a primeira cidade e a primeira capital.
A homenagem que hoje se presta a
Mariana não se contém, no entanto, na
institucionalização de um símbolo cívico,
por força da atividade legiferante da representação
política do Estado, que criou, também, por ato do
prefeito, a Medalha do Dia do Estado de Minas Gerais, mas se
expandiu com a iniciativa da Federação das Indústrias
do Estado de Minas Gerais, ao instituir a Comenda "Civismo e
Consciência de Minas", anualmente concedida a
personalidades que se notabilizaram pelas contribuições
ao desenvolvimento do Estado em diversificados aspectos, associada
ao compromisso daquela entidade patronal de realizar a promoção
de seminários, estudos e debates sobre grandes temas
nacionais.
Mariana, guardiã de um
passado mineiro de história, de cultura, de arte e de
religiosidade, construído pela trajetória brilhante
de filhos seus, ilustres, celebra, com desvanecimento, os feitos
poéticos de Cláudio Manoel da Costa e Frei José
de Santa Rita Durão e de seu filho adotivo Alphonsus de
Guimaraens, e exalta a excelência artística do pintor
Manoel da Costa Atayde, ao tempo em que reconhece e proclama as
virtudes cívicas e morais do político Pedro Aleixo,
entre tantos outros que, se relembrados, tomariam fastidiosa esta
citação.
Mas, o culto ao passado e o fervor
pela tradição, que plasmam a alma de um povo e
balizam os seus caminhos para um futuro promissor, têm que
se conjugar aos anseios da modernidade para a conquista de novos e
instigantes desafios, buscando situar Mariana no plano de uma
cidade que, a partir da utilização de suas indiscutíveis
potencialidades, desempenhe, em Minas, um papel hegemônico
pelo desenvolvimento de sua vocação turística.
Dai, eu dizer, parodiando Martin
Luther King: "tenho um sonho". Um sonho que guarda, em
seu bojo, um sentido prático e uma clara indicação
de que se deve forcejar por induzir-se um vigoroso progresso para
esta importante Região Histórica dos Inconfidentes,
a partir do somatório dos esforços de todas as
municipalidades, que se agregam no entorno destes recantos históricos
das Minas Gerais, tirando partido da sua contribuição
inestimável na formação da nossa
nacionalidade.
Falo com a humildade de reconhecer
que outros mais abalizados e detentores de excelsas qualidades de
espírito já devem ter alcançado as excelências
de uma iniciativa desse porte para a nossa região, mas,
agrego a experiência de executivo público, que
vivenciou situações similares em áreas
metropolitanas, à frente de órgãos técnicos,
ao longo de sua vida pública, já voluntariamente
encerrada.
Assim é que visualizamos a
viabilidade de criação de um grande pólo turístico
envolvendo Mariana e Ouro Preto, ancorado, notadamente, na
infra-estrutura existente e na que se implante, mediante um
projeto ousado de desenvolvimento, que venha a contribuir para a
melhoria das condições de oferta de programas
culturais, educativos, de pesquisa e de lazer a que não
ficaria alheio o incentivo à gastronomia regional, num
apelo à avidez do saber e ao desfrute do ócio com
dignidade dos que, nacionais ou forâneos, procurem haurir
conhecimentos e conviver com o espírito de mineiridade da
nossa gente.
Mariana e Ouro Preto, detentoras de
reconhecido e meritório grau de representatividade,
capitaneariam essa empreitada, dividindo os encargos comuns da
execução e assumindo a paternidade do projeto,
usufruindo, evidentemente, com propriedade, os bônus dele
resultantes.
A inventiva de promotores de
eventos multiplicaria essas oportunidades de marcos significativos
do turismo da Região Histórica dos Inconfidentes, a
que, sem dúvida, não estaria alheia à
participação da gastronomia, de tanta riqueza de
sabor nas Minas Gerais.
A sadia emulação
esportiva entre as cidades responderia pelo sucesso de torneios
regionais, com a utilização extensiva do Ginásio
Poliesportivo, em muitas modalidades de esporte, e o retorno da
antiga viagem turística Mariana - Ouro Preto, com a
reimplantação da ligação férrea
aproximariam ainda mais os dois municípios, criando incontáveis
benefícios às suas comunidades, além de
consagrar a interação da Região Histórica
dos Inconfidentes.
Assim antevejo o futuro de Mariana,
fugindo a uma condição subalterna de espectadora
passiva dos eventos que se desenrolam no cenário nacional,
para representar um pólo indutor de atividades culturais e
artísticas, com fulcro no turismo, mercê de suas
potencialidades que, se exploradas adequadamente, compartilhadas
com as demais cidades que compõem a Região Histórica
dos Inconfidentes, renderão os benefícios que se
espera venham a ser alcançados pelo nobre e generoso povo
das Alterosas.
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Monsenhor José
Silvério Horta |
Nasceu no dia 20 de junho de
1859, na Fazenda Monte Alegre, em Mariana - MG e faleceu em
1933.
No período de sua luminosa vida sacerdotal, Monsenhor
Horta dedicou-se aos pobres, enfermos e àquelas pessoas
que necessitavam de consolação espiritual.
Ocupou elevadas funções político-administrativas
na Cúria de Mariana, como secretário da
Arquidiocese e vigário geral.
A Arquidiciocese de Mariana
aguarda a beatificação do saudoso e querido
Monsenhor Horta. |
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Órgão
ARP SCHNITGER da Catedral da Sé de Marinana |
Construído em
Hamburgo/Alemanha em 1701. É uma relíquia do
patrimônio cultural e religioso do Brasil. |
Concertos |
Os
magníficos sons do Arp Schinitger podem ser ouvidos em
concertos regulares na Catedral da Sé de Mariana. Com a
coordenação e interpretação de Elisa
Freixo, já foram realizados mais de 2.100 concertos. |
Emílio Ibrahim é
engenheiro e membro da Academina Marianense de Letras.
Publicado na Tribuna de
Mariana, em 2001.
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