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O TALENTO EPISTOLAR DE CARLOS
LACERDA
* Emílio
Ibrahim
Sou dos que acreditam que a alma
das pessoas e sua personalidade se revelam, de modo mais nítido
e autêntico, nas ocasiões do exercício do colóquio
íntimo que elas estabelecem com os destinatários das
cartas que escrevem. É que o descompromisso de,
necessariamente, não serem passíveis de vir a lume,
conduz a uma espontaneidade de expressão e a um natural
despojamento no uso da linguagem, ao correr da pena, que induz a
obtenção de um grau maior de credibilidade nos
conceitos e informações que integrem os seus
respectivos conteúdos.
Essas reflexões me vêem
à mente, ao ter em mãos a obra de compilação,
em dois volumes, das cartas remetidas e recebidas por Carlos
Lacerda, magistralmente elaborada e comentada por Túlio
Vieira da Costa, no bojo dum projeto cultural encampado sob a égide
da FUNDAMAR - Fundação 18 de Março, que também
publicou, com sucesso, o livro "Pedras e Rosas do Meu Caminho",
da autoria de Carlos Lacerda.
É, sem sombra de dúvida,
um empreendimento editorial deveras oportuno e meritório,
contando com a preciosa colaboração do Centro
Cultural Carlos Lacerda, em que, ao vislumbrar a importância
de divulgar, em letra de forma, esse precioso acervo histórico,
lega-nos a todos, impenitentes admiradores e entusiastas desse gênio
político e cultural da raça brasileira e às
novas e velhas gerações deste país, a
perpetuidade da ação deste invulgar e multifário
talento, que perpassou por setores do jornalismo, da política,
da administração pública, da iniciativa
privada e da cultura do Brasil, com inexcedível fulgor,
eficiência e denodo, conquistando, a poder de aguda inteligência
e de infatigável dedicação ao trabalho, a láurea
de "primus inter pares", no cotejo com seus contemporâneos.
A visão, que remanesce em
minha mente, de Lacerda, sob cujo comando militei na administração
da Guanabara, é a de ele haver sido a encarnação
viva do princípio dialético de inspiração
hegeliana, de soma dos contrários, maravilhosamente
sintetizada em sua personalidade na conjugação antitética
em suas figuras de "demolidor" e "construtor",
com que agitou, em todos os sentidos, a vida política,
administrativa e cultural brasileira.
Por essas razões, é
que faço o registro da importância dessa obra "Minhas
cartas e as dos outros", compilada e comentada por Túlio
Vieira, emérito "Lacerdólogo", a quem
credito a paternidade dessa feliz iniciativa, externando meus
desejos de que uma grande acolhida de leitores assinale o sucesso
editorial da obra.
(*) Engenheiro, ex-Secretário
de Obras e Serviços Públicos do Estado do Rio de
Janeiro
Centro Cultural Carlos Lacerda, em
agosto de 2005.
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